SETE PRECES PARA SETE PECADOS

  • Temas: heresia, igreja, pecado, lascívia, freira, enfermeira
  • Publicado em: 10/06/25
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  • Autoria: Nataly
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Eu sou Zeza, noviça de Santa Clara, e carrego um vazio que as orações não suturam. No convento, o tempo é um rosário de silêncios: o crepitar das velas, o ranger do chão de madeira sob meus joelhos, o perfume de cera que embala o oratório. Mas, sob o véu, meu corpo é um traidor. Há anos, desde os votos, uma carência me consome — um pulsar quente, insistente, entre as coxas, que nenhuma penitência silencia. Rezo, jejuo, esfrego o chão até a pele arder, mas o desejo, como erva daninha, brota nas frestas da minha alma.


Há uma semana, ela chegou. Elizene, enfermeira do Hospital da Misericórdia, que serve ao convento por um corredor de pedras úmidas. Ela não é como as outras, com suas mãos mecânicas e olhos vazios. Elizene é um incêndio contido: pele âmbar que brilha sob o uniforme branco, olhos que cortam como lâminas de obsidiana, quadris que dançam sob o tecido. Entre seus seios, um medalhão de Nossa Senhora das Graças balança, a Virgem de prata reluzindo contra a pele morena. Uma vez, na enfermaria, vi sua tatuagem — uma pequena serpente delicada, enroscada ao redor do umbigo, suas escamas negras traçando uma promessa pagã. Meu rosto queimou, e rezei cinco Pater Nosters para apagar a visão. Não adiantou.


Na segunda-feira, ela me tocou. Foi na enfermaria, enquanto eu segurava as mãos trêmulas de Madre Inês. Elizene passou um frasco de álcool, seus dedos roçando os meus, quentes como brasa. “Obrigada, irmã,” disse, a voz um murmúrio de veludo. Meu coração tropeçou, e naquela noite, no catre estreito, sonhei com o medalhão dela, frio contra minha pele. Acordei com o hábito úmido, o ventre em chamas, e corri ao oratório, implorando perdão.


Terça-feira trouxe um novo tormento. No refeitório, ela roçou meu quadril ao passar, deixando um lenço dobrado em minhas mãos. “Caiu, Zeza,” sussurrou, meu nome uma carícia proibida. O lenço cheirava a jasmim e a ela — um aroma que guardei sob o travesseiro. À noite, pressionei-o contra os lábios, sentindo o pulsar entre minhas pernas, e rezei até o amanhecer, tentando afogar o pecado.


Na quarta-feira, ela me observava na triagem das irmãs. Seus olhos, famintos, seguiam cada movimento meu. “Mãos de anjo,” disse, ajustando o termômetro, e o elogio se tornou um fio de mel que desceu por minha espinha. Minha vulva, traiçoeira, pulsava sob o hábito, e corri à capela, ajoelhando-me até os ossos doerem. Mas a imagem dela — o medalhão balançando, a serpente tatuada — dançava em minha mente.


Quinta-feira foi um cerco. Na despensa, onde eu organizava frascos, ela fechou a porta. O ar ficou espesso, e ela estava tão perto que eu podia sentir o calor de sua pele. “Por que me evita, Zeza?” perguntou, um dedo traçando o véu. “Não evito,” menti, a voz um fio. Ela sorriu, os lábios prometendo segredos que eu temia conhecer. “Deus vê o que você quer,” disse, e saí correndo, o rosário caindo, meu coração um tambor descontrolado.


Na sexta-feira, a tempestade veio. O convento tremia sob o vento, e eu estava no oratório, acendendo velas, quando Elizene surgiu. Segurava a estatueta de Nossa Senhora das Graças, seus dedos longos acariciando a porcelana. A luz das velas lambia sua pele, e o medalhão entre seus seios brilhava como um farol. “Fique,” disse, a voz um convite que ecoava em mim. “As irmãs dormem. Só nós duas.”


Queria fugir, mas meus pés eram pedra. O trovão rugiu, e o oratório tornou-se um mundo à parte, onde os votos se dissolviam. Elizene se aproximou, o uniforme colado ao corpo, revelando seios fartos, com veias azuladas sob a pele; mamilos eretos, escuros como azeitonas negras; a tatuagem da serpente, viva contra o ventre. Ela ergueu meu queixo, e seu toque foi uma chama.


“Abre,” sussurrou, e minha muralha ruiu. Minhas coxas se entreabriram, revelando o triângulo dourado dos meus pelos, aparados como trigo maduro, e a fenda rosada, inchada de uma fome antiga. Meu clitóris, vermelho-vivo, pulsava, uma fruta madura sob o orvalho.


Elizene se ajoelhou, o medalhão balançando, a Virgem de prata roçando seus seios. Com uma mão, separou meus lábios, expondo-me. “Tão pálida por fora, tão rubra por dentro,” murmurou, e suas palavras eram poesia profana. Seus dedos dançaram sobre meu clitóris, círculos lentos, precisos, enquanto a estatueta de Nossa Senhora, sobre o altar, observava, testemunha silenciosa do nosso delito.


O prazer cresceu como uma onda. Meu corpo tremia, secreções elásticas escorrendo pelas coxas, contrações anunciando o êxtase. Elizene desabotoou o uniforme, revelando sua vulva, lábios carnudos cor de vinho, brilhando de desejo. O medalhão, agora quente, roçava seu clitóris enquanto ela se tocava, seus gemidos entrelaçando-se aos meus.


A tempestade abafava nossos gritos, mas o clímax foi uma catarse. Meu corpo convulsionou, um jato quente explodindo de mim, molhando o chão do oratório. Elizene, com os olhos em brasa, alcançou o mesmo céu, a serpente tatuada dançando com seus espasmos. Nossos olhares se encontraram, e por um instante, éramos uma só — uma união lésbica, sagrada em sua profanação, coroada pelo êxtase que queimava como incenso.


A Virgem, de porcelana e prata, nos viu. Não julgou. E no oratório, onde cera e mulher se misturavam, eu, Zeza, me rendi ao desejo, encontrando no pecado a cura para minha alma faminta.

*Publicado por Nataly no site climaxcontoseroticos.com em 10/06/25. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.


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