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O Deslize de Larissa, 4

  • Conto erótico de hetero (+18)

  • Temas: hetero
  • Publicado em: 02/03/23
  • Leituras: 1519
  • Autoria: Larissaoliveira
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Pela primeira vez em toda a minha vida eu saí de casa vestida como uma periguete. Eu me visto assim somente em casa, para meu pai, porque ele adora. Mas a educação que eu tive, devo assumir (não fique chateada comigo quem se veste assim), sempre me fez torcer o nariz para as garotas que andam por aí da forma mais ousada possível. Eu sei, que baita hipócrita eu sou, né? Namoro meu próprio pai, escrevo contos de putaria, saio pra trepar com um louco desconhecido e ainda acho que tenho moral para dizer como as pessoas deveriam se vestir… De qualquer forma, a verdade é essa, eu procuro não ousar muito nas roupas quando saio.


Isso não significa que eu seja toda recatada, claro. Sempre usei shorts e roupas comuns às garotas da minha idade, mas nunca optei por coisas muito exageradas. Dessa vez, porém, eu tinha um homem a surpreender. Um homem que me considerava a mais safada, que escrevia as coisas mais pesadas e depravadas… eu não queria frustrar essa percepção que ele tinha de mim, porque isso me envaidecia, fazia me sentir especial, diferenciada, única…


Para sair assim, como uma periguete, naturalmente tive que esperar meu pai sair para que não desconfiasse de nada. Foi estranho. Me senti mal, parecia aquelas mulheres que esperam o marido ir trabalhar para sair com o amante. Mas ao mesmo tempo que eu me reprovava, era como se a adrenalina subisse, pela mentira, pelo perigo, pela infidelidade. Bem, eu já expliquei que a essa altura minha mente estava virada dos avessos, tudo o que era errado e me agredia em um momento, no próximo segundo já parecia ser bom e empolgante. 


Sobre o look, não posso dizer que estava criativo, afinal, as periguetes se vestem de forma muito parecida. Acho que você já até sabe o que eu estava vestindo. Mas, mesmo não sendo tão original e inspirado assim, no quesito sensualidade estava incrível. Me olho no espelho e contemplo: um shortinho jeans de pelo menos dois dedinhos de polpinha pra fora, sandália com saltinho, com fios amarrados até metade da perna, top lilás e a alça da calcinha rosa sobressaindo nas laterais do quadril. A maquiagem estava mais carregada do que em qualquer situação na minha vida, e o batom vermelho dava o toque final do quanto eu estava disposta a parecer um mero objeto cuja única função seria agradar machos com meu corpo. Para finalizar, um par de brincos de argola dourado e um coque no cabelo, para sentir que até a minha nuca estava pelada. Pronto, uma putinha.


Todavia, eu jamais conseguiria sair de casa daquele jeito rs. É verdade que no meu bairro não é raro ver mocinhas vestidas assim, mas mesmo assim eu não podia. Simplesmente não consegui. Afinal, com certeza algum conhecido me veria em algum ponto do trajeto. O Uber me pegaria na porta de casa, sim, mas e se alguém me visse no condomínio do apartamento onde ele estava? Alguma amiga, conhecido, colega… Não, eu não arriscaria.


Então, por cima de tudo isso eu coloquei um vestido, hahaha. Isso também não é nada original, não é mesmo? Minha tia me conta as histórias de quando ela era adolescente e enganava meu avô assim rs. Ela dizia que ia para a casa de uma amiga, mas na verdade ia para o baile; ia de vestido e no meio do caminho, atrás de algum muro que tinha lá ela trocava de roupa, colocando shortinhos e coisas assim rs. Mas é claro que o que estou fazendo é muitas vezes mais ousado do que ir a um baile…


Enfim, o Uber chega e eu vou para meu encontro, que mais parece um programa com um cliente, só que sem a mediação de um cafetão.


Não vale a pena falar da súbita onda de medo que senti, do remorso, da vontade de desistir dessa loucura, porque, volto a dizer, a minha mente bagunçada fazia com que todas essas coisas se convertessem em tesão. O medo fazia tudo parecer uma aventura; o remorso me lembrava dos contos de traição mais picantes; a vontade de desistir só fazia com que eu me sentisse muito foda por ir em frente. Quando a gente chega nesse estágio, onde todos os sinais amarelos e vermelhos que a consciência envia à razão, são reinterpretados pelo tesão, acabou. Não há o que fazer mais. É assim que a mocinha de família foge com um cafajeste, ou que a patricinha abandona os pais por um traficante… Não há mais nada que possa parar a loucura, porque não há mais cérebro, só há buceta; não há mais razão, só há a imagem de uma rola grossa; não há mais equilíbrio, só vontade de dar.


Assim que entro no elevador, retiro rápido aquele vestido idiota (não queria que ele me visse daquela forma) e me contemplo no espelho que nele havia: uma putinha, que parecia de fato uma garota de programa. Se na saída do elevador alguém me visse, certamente acharia que se tratava de uma puta paga. Por sorte a porta do apartamento dele era próxima ao elevador. A porta do elevador se abre. 


Insegurança. Coração batendo acelerado. Respiração pesada. Pernas bambas. Medo.


"Ainda dá tempo, Larissa, volte pra casa… Você não sabe o que vai acontecer aí, isso é uma loucura, você não conhece esse homem…"


A porta à minha frente. Era só bater e ele abriria para mim. Por força do hábito, pego meu celular antes e vejo uma notificação. Era meu pai.


"Gata, você achou que eu ia esquecer, né? Estar com você é tudo pra mim, filha. Foi um ano de intensa alegria! Te amo! Vou levar vinho para nós. Bjs."


Eu estava branca. Eu sou branca, mas eu imagino que fiquei branca como a porta à minha frente. Por causa de todo aquele clima que estava acontecendo há meses com esse vagabundo que apareceu na minha vida, deixei meu pai de escanteio a tal ponto que não lembrei do nosso aniversário de namoro. A vontade de chorar me dominou. Foi horrível…


Mas eu não podia borrar minha maquiagem carregada. Eu tinha planejado borrar ela apenas com lágrimas de engasgos, saliva e porra no encontro que ia acontecer, então não podia estragá-la agora. 


Me recomponho. Não tinha sentido pensar no meu pai agora. Eu tinha esperado isso por muito tempo e agora não ia voltar atrás. Inspiro, expiro. Inspiro, expiro. Pronto, passou.


Eu sei, leitor(a), que belo monstro me tornei, né? Não precisa pegar leve comigo, eu sei que mereço o maior desprezo. Só não escrevo aqui sobre o tanto que chorei depois de tudo isso porque tenho que prosseguir…


TOC TOC


A porta se abre…


*Publicado por Larissaoliveira no site climaxcontoseroticos.com em 02/03/23.


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