A caminho de casa
- Temas: colegas, vizinhos, amor, sexo
- Publicado em: 02/04/18
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- Autoria: Brends
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Existe uma rua que liga os fundos dos bares até a rua da minha casa. Não costumo passar por ali, não por medo — é um lugar tranquilo —, mas naquela noite de domingo, talvez pela pressa, resolvi cortar caminho. O vento soprava frio, e as luzes fracas, amareladas, criavam sombras dançantes pelo chão úmido.
Caminhava em passos largos, o som das folhas secas sob meus pés abafado pelo assobio do vento. Foi então que a vi. Uma mulher de cabelos negros, com uma saia acima do joelho, tentava acender um cigarro. A chama tremia entre seus dedos. Ela ainda não tinha me notado.
Ao me aproximar, tirei o isqueiro do bolso, sem querer assustá-la. Acendi no exato momento em que passei por ela. Um pequeno sobressalto escapou de seus lábios. Ela puxou o cigarro com força, tragando fundo, e virou o rosto. Os olhos brilhavam, não pelo brilho da rua — mas por lágrimas.
— Você tá bem? — perguntei, em tom calmo.
— Tô sim… — disse, a voz trêmula.
— Algo me diz que não. O que faz aqui sozinha nesse frio? — Tirei meu casaco e coloquei suavemente sobre seus ombros. — Toma… isso deve ajudar.
Ela não resistiu, nem respondeu. Apenas me olhou, como se não esperasse que alguém se importasse.
— Tem um café logo na esquina. Vamos tomar algo quente? — propus.
Ela hesitou por um segundo, depois assentiu com um leve balançar de cabeça. Caminhamos juntos até o café, em silêncio. Sentamos numa mesa próxima à vidraça, onde víamos a rua vazia, coberta de névoa e silêncio.
— Ainda não entendi o que fazia ali, sozinha — comentei, tentando puxar conversa.
Ela tragou o cigarro e soltou a fumaça devagar, antes de dizer:
— Só não tava me sentindo bem. Precisava respirar. Pensar.
— Você é linda… posso saber seu nome?
— Paty. — Ela sorriu de leve. — E o seu?
— Brends. Muito prazer, Paty.
Pedi duas xícaras de chocolate quente. A conversa foi ganhando corpo. Entre uma risada tímida e outra, percebia que havia algo pesado nela, uma tristeza que vinha e voltava em ondas.
Quando terminamos, levantei e perguntei:
— Posso te levar pra casa?
— Eu… não tenho pra onde ir agora.
Houve um silêncio entre nós. Aquele tipo de silêncio que grita mais que palavras.
— Vem comigo então. Pelo menos até clarear o dia.
Ela me olhou, sem esboçar reação no rosto, mas seus olhos disseram tudo.
— Tudo bem — respondeu, quase num sussurro.
Chegamos em casa. Ela se sentou no sofá, olhando ao redor. Eu fui tomar um banho, deixando a porta entreaberta — sem segundas intenções, só por hábito, talvez pela vontade inconsciente de mantê-la por perto.
A água quente começou a preencher o banheiro de vapor, me fazendo relaxar. Por alguns minutos, esqueci do mundo. Esqueci até de checar onde ela estava.
Mas ela estava ali.
Curiosa, silenciosa, caminhava pela sala, observando os quadros, as estátuas… tocando com cuidado. Quando viu a porta do banheiro meio aberta, se aproximou devagar. Ficou parada ali por um momento, observando meu corpo sob a água. Sem querer, acabou esbarrando na porta, empurrando-a mais um pouco.
Ouvi o ruído.
— Quer entrar? — perguntei, sem virar o rosto.
Ela não respondeu. Apenas entrou.
Com gestos suaves, tirou a blusa, depois a saia. E ali, nua, entrou sob o chuveiro comigo. Seu corpo estava frio, mas seus olhos queimavam desejo.
Nos beijamos. Primeiro com calma, depois com fome. Minhas mãos deslizaram pelas suas costas, desceram pela cintura, sentindo sua pele arrepiar. Ela me puxava pra mais perto, nossos corpos molhados se encaixando com uma fluidez quase mágica.
A encostei na parede do box, a água escorrendo entre nossos corpos. Beijei seu pescoço, seus seios, sentindo seu quadril roçar contra mim.
— Eu te quero… — ela sussurrou, ofegante.
A penetrei ali mesmo, sentindo sua carne quente e apertada me envolver. Paty arqueou o corpo, gemeu contra meu ouvido. As estocadas eram firmes, lentas no começo, depois mais intensas. Nossos corpos se chocavam com prazer bruto e ao mesmo tempo cheio de conexão.
Mudamos de posição. Ela se apoiou de costas na parede, me olhando nos olhos enquanto se movia com as pernas ao meu redor. Depois, viramos. Ela de quatro, eu segurando sua cintura, entrando fundo, gemendo seu nome enquanto ela pedia mais.
Transamos ali até o corpo não aguentar mais. Saímos do banho exaustos, cobertos em toalhas, e caímos no sofá como se o mundo tivesse parado.
Ela deitou no meu peito, e ali dormimos.
Sem passado, sem futuro. Só o agora.
*Publicado por Brends no site climaxcontoseroticos.com em 02/04/18. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.
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