Maré alta – sentimentos femininos
- Temas: Verão, mar, amigas, paixão, amor
- Publicado em: 12/06/25
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- Autoria: new_lorde
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Havia uma casa antiga na beira da praia, com paredes descascadas pelo sal e janelas largas que se abriam para o mar. Por gerações pertence a uma família tradicional da cidade, os Andrades. Ficou fechada por anos, o que a levou ao estado precário de conservação. Isadora, bisneta do senhor Leocádio, que construiu a casa, decidiu que passaria o verão na casa, sozinha, pelo menos era o que pretendia.
Aos quarenta anos, realizada profissionalmente e com situação financeira que lhe permitia esse retiro, ficou um tanto desencantada com o estado da casa, muito embora o interior não estivesse tão degradado, uma boa limpeza e uma pintura a deixaria com aspecto habitável. Tirou as coisas do carro, ajeitou como possível e saiu para comer alguma coisa, a noite já havia caído. Ao voltar sentou na varanda, numa cadeira de balanço e ali ficou pensativa, na companhia do silêncio que só não era absoluto, pois ouvia-se o som das ondas a beira mar e o coaxar das rãs.
A Lua cheia por testemunha, iluminava o local e refletia seu encanto nas águas do mar. Era naquela paz que ela pretendia passar o verão, longe da loucura das metrópoles que esmagam qualquer possibilidade de reflexão. O sono chegou e ela se recolheu. No dia seguinte levantou cedo e foi caminhar na praia. Umas poucas pessoas eram vistas também caminhando. O sol já despontava com seus raios luminosos e aquecendo logo cedo aquela manhã. Absorta, caminhou sem destino, apenas pelo prazer de sentir os pés na areia e o aroma da brisa marítima.
Deu meia volta e decidiu retornar para casa, havia muita coisa a ser feita. Ao se aproximar de casa, ela vê uma mulher sentada sobre uma esteira e lendo um livro. Morena de cabelos escuros, presos de maneira displicente, pele dourada pelo sol e concentrada no seu ato de leitura. Só quando a Isadora se aproxima é que ela ergue os olhos e sorri. Com a Isadora retribuindo o sorriso, a mulher fala com uma voz mansa e aveludada:
- Oi.
- Oi – responde a Isadora surpresa por ficar nervosa.
Um breve silêncio se fez até que a mulher diz:
- Estava concentrada na minha leitura, mas confesso, na expectativa que alguém me distraísse – ela fecha o livro lentamente e continua – sou a Elisa.
A Isadora admirava a beleza da recém conhecida e também se apresentou:
- Sou a Isadora.
- Perdida aqui pela praia, Isadora?
- Na verdade não, estou nessa casa aqui atrás – disse apontando para a velha e puída casa.
A Elisa se vira, olha para o local e diz:
- Nossa há muito tempo que não vejo ninguém nessa casa.
- É verdade, problemas de família nos afastou dela, mas resolvi passar esse verão aqui.
A Isadora sentia uma certa inquietação que não conseguia explicar, principalmente quando a Elisa sorria, mostrando seus belos dentes alvos e perfeitos, emoldurados por lábios carnudos. Sem saber como se comportar a Isadora pergunta:
- Você mora por aqui?
- Sim, na rua de trás, mudei para cá faz alguns anos, em busca de paz, tranquilidade e inspiração.
- Inspiração para que?
- Sou artista plástica e esse refúgio me faz muito bem, principalmente depois que me separei.
A Elisa viveu um casamento conturbado, tentou de todas as formas mantê-lo, mas por fim não deu certo. Mais uma vez olhando para a velha casa a Elisa falou:
- Vai ter muito trabalho para recuperar essa casa.
- Não pretendo fazer mudanças por fora, só por dentro que ela precisa de algum cuidado e uma pintura.
- Modéstia à parte sou boa nesse quesito, eu mesma pinto a minha casa, se quiser ajuda estou à disposição.
- Sério que me ajudaria?
- Com toda certeza, gostei de você.
A Isadora aceitou de bom grado e no dia seguinte saíram as duas para comprar o que era necessário. Com todo o material descarregado a Elisa falou:
- Vou até em casa buscar uma roupa de briga, enquanto isso procura uma para você também.
Pouco depois a Elisa volta, ela usava uma camiseta regata de alcinhas finas, com uma generosa cava, por onde se via parte dos seus seios. O Short era pequeno, deixando à mostra suas belas pernas. Ao vê-la a Isadora sentiu seu corpo tremer, como se tivesse recebido uma descarga elétrica, sua boca secou e seu coração bateu acelerado.
Ao ver a Isadora vestindo uma calça e camiseta de malha com manga comprida, ela sorriu e disse:
- Que loucura minha amiga, logo vai estar toda suada, não tem nada mais leve?
- Tenho, pensei que assim eu me sujaria menos.
- Não liga para isso, pintar uma casa é um ato de alegria, vamos nos sujar, depois um bom banho resolve tudo.
A Isadora se retirou e voltou também usando camiseta regata e short, não tão ousados quanto da Elisa, mas deixando visualizar seu belo corpo. Os olhos da Elisa brilharam ao ver a amiga.
Experiente a Elisa preparou a tinta, fizeram a cobertura de tudo para proteger dos respingos. Sem saber como fazer, a Isadora pediu ajuda e a Elisa ensinou:
- Segura o rolo pelo cabo e molha na bandeja com tinta.
A Isadora fez como orientado e o passo seguinte seria rolar a parede. Para isso a Elisa se posiciona atrás da Isadora, segura na sua mão com o rolo e diz:
- Agora você vai rolando a parede até cobrir toda a tinta velha.
Ao fazer isso a Elisa pressionou seus seios nas costas da Isadora que sentiu um calafrio, teve um leve desequilíbrio e prontamente foi segura pela Elisa, enlaçando a amiga pela cintura.
O contato dos corpos, pele na pele, foi uma sensação nova para as duas, mesmo a Elisa nunca havia sentido nada igual. Com a Isadora usando o rolo, a Elisa falou que faria os recortes com o pincel. O dia quente fazia com que as duas transpirassem mais que o normal, deixando marcas de umidade nas camisetas. Quando as duas se encontraram no mesmo ponto, a Elisa passou o pincel sujo de tinta na perna da Isadora dizendo:
- Deixei minha marca em você.
- Ah é sua danada – disse a Isadora – então vou deixar a minha em você também.
Passou levemente o rolo no rosto da Elisa e deixou sua bochecha suja de tinta.
A partir dali, a cada novo momento perto uma da outra era motivo de uma marcar a outra, entre risos de alegria, como se fossem duas adolescentes. Assim foi até o final da tarde, quando as duas estavam mais pintadas do que propriamente as paredes. Necessitavam de um banho e a Elisa sugeriu:
- Vamos tomar banho de mar.
- Assim toda suja como estamos?
- Isso amiga, estamos em frente ao mar, água está morna nessa época, quer coisa melhor?
Sem esperar uma resposta da Isadora a Elisa segura na mão da amiga e a puxa em direção à praia. Vão entrando na água que realmente estava quente, acolhedora. Mergulharam, jogaram água uma na outra e quando uma onde desequilibrou a Elisa, Isadora a segurou e ficaram abraçadas, frente a frente, em silêncio, apenas trocando olhar e os corações acelerados. Estavam nesse idílio quando uma nova onda quase derruba as duas. Refeitas do momento único que tiveram, caminham caladas de mãos dadas em direção à praia. Em frente à casa da Isadora, ela puxa a amiga e diz:
- Toma banho aqui em casa.
A Elisa respondeu com um sorriso e acompanhou a amiga. A Isadora emprestou uma roupa para a Elisa e como já escurecia elas abriram uma garrafa de vinho e foram para o alpendre da casa para contemplar o lindo pôr do sol e a maré que subia pouco a pouco. Foram momentos mágicos, mais de silêncio do que propriamente conversavam. Por vezes trocavam olhares prolongados, carregados de tensão prestes a explodir. Sentadas próximas uma da outra, um toque casual das mãos, ou das pernas, demorava mais do que precisava. Fizeram um lanche rápido e a Elisa foi para sua casa, não sem antes trocarem um abraço afetuoso.
Os dias se passaram e elas sempre juntas, caminhando na praia pela manhã, na pintura da casa e à tarde o banho morno nas águas do mar. À noite se repetia o mesmo ritual, bebendo vinho, trocando olhares cheios de cumplicidade, mas nenhuma avançando a tênue linha que as separava de algo mais íntimo. No entanto, foi numa dessas noites que essa linha se rompeu. Estavam na sala, sentadas lado a lado, os joelhos quase se tocando. A brisa trazia o cheiro de jasmim do jardim. Elisa falava sobre um poema que a tinha emocionado, mas a voz parecia cada vez mais baixa, cada vez mais próxima. E então, no meio da frase, parou.
Olhou para Isadora com uma mistura de pergunta e certeza. Mais uma vez os olhares se cruzaram e a Isadora, silenciosa, sem dizer uma palavra sequer, consciente do que sentia naquele instante, leva os dedos ao queixo da Elisa e a guia para um beijo. Ambas ansiavam por aquilo, seus sentimentos internos estavam aflorando e não havia mais como segurar a atração que sentiam uma pela outra. O beijo começa lento, suave, apenas o roçar dos lábios, mas o desejo fala mais alto e ele se torna intenso.
Ambas estavam famintas, a sedução de todos aqueles dias estava dando lugar ao prazer do toque, do beijo, das carícias. A Elisa puxa a Isadora pela cintura, desfazendo qualquer espaço que ainda houvesse entre seus corpos. O beijo se tornou uma dança ritmada, como o vaivém das ondas lá fora. O calor era sentido, o arrepio das peles presente, elas tinham iniciado um caminho que não havia mais nenhuma chance de recuo, ambas se desejavam.
Quando mais uma vez os olhares se cruzaram, silenciosos, a Elisa desliza seus dedos pela alça do vestido da Isadora que cai dos ombros, como um fio de seda perdido. Seus seios ficam expostos, o peito arfando de emoção e a Elisa admirando as duas pérolas ao centro das auréolas. Com emoção ela desliza as pontas dos dedos na pele sedosa da Isadora, toca nos biquinhos entumecidos, com cuidado, com zelo, não querendo quebrar o encanto daquele momento. A Isadora sente o desejo de fazer o mesmo, tira a camiseta da Elisa e acaricia os seios da amiga.
Naquele momento mágico se ouvia apenas a respiração ofegante das duas e o som das ondas quebrando, na maré alta que já quase batia no muro da casa. Aos poucos elas foram se despindo com reverência, como quem desembrulha um presente aguardado a tempo. Cada peça que se vai é um pedacinho de pele que se revela e recebido com beijos e carinhos. Cada toque, cada beijo, mais e mais acende o desejo da união. O ambiente foi tomado de suspiros e gemidos. Uma explorava as curvas da outra, tocando na pele já úmida de excitação.
Nuas, elas se ajoelham uma na frente da outra, próximas, pele com pele, boca com boca, abraços apertados, seios se tocando, sensualmente, era a entrega total. As carícias se tornaram mais ousadas, mesclando delicadeza e firmeza, na busca de encontrar os pontos sensíveis de cada uma. Tudo conspirava a favor de um desejo crescente em ondas, como aquelas que lá fora morriam nas areias da praia.
As mãos correm pelos corpos, deslizam nas coxas, os dedos sentem a umidade e o calor do sexo, invadem o seu interior, tocam no lugar mais sensível e mais uma explosão de gemidos e sussurros de prazer. Entregues de corpo e alma, o clímax se aproxima e quando chega ele é avassalador, tenso, intenso, mágico e indescritível. O torpor do momento fez com que as duas se abraçassem com mais força, uma como amparo da outra, tendo como testemunha apenas a lua que era vista pela janela aberta, permitindo que sua luz iluminasse as amantes.
Entregues ao relaxamento do momento seguinte, elas deitam e ficam abraçadas, em silêncio absoluto, apenas trocando carícias. A Elisa beija o ombro da amiga e sussurra:
- Acho que você foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo.
- Porque você acha isso?
- Porque é verão, se não fosse ele você não estaria aqui.
- Só por causa do verão?
- Não tolinha, me encantei desde o primeiro momento em que lancei os olhos para você.
- E eu me apaixonei pelo seu sorriso lindo.
Era apenas o começo do verão, mas ele não seria apenas mais um, as amigas descobriram que os sentimentos femininos podem ir além de uma simples amizade, podem se tornar numa paixão arrebatadora.
*Publicado por new_lorde no site climaxcontoseroticos.com em 12/06/25. É estritamente proibida a cópia, raspagem ou qualquer forma de extração não autorizada de conteúdo deste site.